Me desprendi deles e acompanhei a linha do nariz que era perfeito, cheguei a boca, carnuda, sensual, vermelha. Me desequilibrei por um momento e quase a beijei, mas suas mãos me seguraram e recobrei o equilibrio. Aquela boca me prendia tanto quanto aqueles olhos. Meus pensamentos vagavam de um para o outro. Somente minha visão recebia estimulos, todos os outros sentidos estavam adormecidos.
Foi quando um som chegou aos meus ouvidos. Era suave e delicado, quase um susurro.
- Acho melhor não.
Naquele momento a viga onde me apoiava, e que sustentava todo o céu, caiu.
Com um ultimo impulso dei um passo para o lado e me apoiei na outra perna. O céu despencou ao meu lado me fazendo recobrar os sentidos todos. Não havia percebido como estava frio, talvez fosse a falta do céu que acabara de cair, talvez fosse eu mesmo.
Abri um sorriso de cumplicidade que se refletiu naquela boca incrivel que disse:
- Bom, vou indo!
Dei, então, um passo para tras, escapando por pouco de cair no penhasco que se abria na minha frente. Estiquei a mão para uma despedida, mas o buraco impedia que nossas mãos se tocasem. Acenei e sorri. Ela retribuiu.
Olhamos para o lado e bem ao longe havia uma ponte que cruzava o penhasco. Voltei a olhar para ela, mas ela já caminhava para o lado oposto ao da ponte.
Fechei os olhos e senti o coração afundar no peito. Respirei fundo e caminhei para longe do penhasco. Ouvi a ponte se quebrar e cair.
Talvez dando a volta no mundo a encontre do outro lado.
Talvez não.
Nossa, Paim!
ResponderExcluirQue texto!
Já me senti milhões de vezes assim. Tão perto e tão longe...
Parabéns!
Beijos